sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Síntese do 2° capítulo do livro "Arte e Percepção"

A visão é essencialmente um registro da realidade. Mas que realidade? Nossos olhos nos enganam o tempo todo. Às vezes achamos que vimos algo ou alguém, e tal informação ligeiramente é passada para retina que transfere a mensagem para o cérebro, logo a informação torna-se real, verdade. Tal situação compreende-se pelos estímulos e desejos individuais de cada indivíduo. Um exemplo disso é um homem apaixonado que tende a visualizar o rosto da pessoa amada em todos os lugares, movida pelo desejo de encontra - lá.

Rudolf Arnheim afirma, que diferente de um aparato tecnológico como a câmera, o olho não apreende uma imagem com todos os seus elementos. Apenas características que possibilite montar e identificar as partes de um determinado objeto. É como se tratasse de um quebra-cabeça que para ser montando, além de traços semelhantes, também dependesse de um contexto, índices.

No tópico “O que é configuração”, Arnheim faz referencia a importância da borda no campo físico e sensível da imagem. O que Jacques Aumont no livro “A imagem” vai chamar de moldura objeto e moldura limite. A primeira pode ser exemplificada pelos quadros expostos nos museus, assim como os porta-retratos e os pôsteres pendurados na parede do quarto, e nos televisores antigos, cuja tela era oval, o que dava a impressão da imagem estar sendo sufocada. Já a moldura limite, é o que interrompe a imagem e lhe possibilita discernir o que não é imagem. Em outro sentido não tangível, é o seu limite sensível.

Pode-se entender a arte como sentido do corpo e atividade do espírito. Atividade essa que se dá através do processo perceptivo, criativo e inventivo de cada ser. O que nos possibilita a conhecer mundos distintos. Ainda no capítulo dois, Arnheim cita um pensamento de Gaetano Kanizsa que diz: “Somos capazes de nos familiarizar com as coisas de nosso ambiente precisamente porque elas se constituem para nós através das forças da organização perceptiva agindo a priori, e independente da experiência, permitindo-nos, por isso, experimenta-la”.





terça-feira, 14 de setembro de 2010

Arte e Percepção Visual

“O mundo é aquilo que percebemos”, define o filósofo francês Merleau-Ponty na introdução de “Fenomenologia da Percepção”. A visão, mais do que qualquer outro sentido, é a nossa porta de entrada para o mundo. A partir do momento que direcionamos nosso olhar a textos, fotografias, pinturas, gestos, palavras, já interiorizamos um conceito individual daquilo que vimos. É como se manipulássemos e codificássemos tudo ao nosso jeito. E Rudolf Arnheim, na sua obra “Arte e Percepção” reafirma essa idéia, quando diz: “toda observação é também invenção”. A visão é uma máquina não tangível, que apreende o mundo como lhe é apresentado.

O ser humano tem por essência querer ter domínio das coisas, conhecer os significados e significantes, se comunicar, e ser comunicado, o que muitas vezes não se restringe a forma verbal, principalmente quando se fala de arte, e põe dentro de campo o íntimo, o sensível. A percepção vai muito mais além do que palavras ditas e exemplos fornecidos. As ‘mensagens’ enviadas são organizadas de forma que faça sentido para o indivíduo, e não somente através de associações e conhecimentos já armazenados.

Arnheim em sua obra, toma como base relevante, o estudo dos princípios do pensamento psicológico, como meio de representação e recriação da realidade, o que está diretamente ligado à arte. Idéia essa que pode ser fundamentada pela Teoria da Gestalt, que tem como ponto de partida a percepção, fenômeno constituído pela proximidade, continuidade, semelhança, segregação, preenchimento, unidade, simplicidade e figura/fundo, do objeto analisado. Toda obra de arte para ser entendida precisa de um contexto, “nunca uma obra de arte pode ser feita ou entendida por uma mente incapaz de conceber a estrutura integrada de um todo” afirma Arnheim.

Então se entende o processo de criação da arte, como um instrumento de lapidação da personalidade humana, valorização do sensível, e da apreensão de informação e particularidade de cada ser.