terça-feira, 14 de setembro de 2010

Arte e Percepção Visual

“O mundo é aquilo que percebemos”, define o filósofo francês Merleau-Ponty na introdução de “Fenomenologia da Percepção”. A visão, mais do que qualquer outro sentido, é a nossa porta de entrada para o mundo. A partir do momento que direcionamos nosso olhar a textos, fotografias, pinturas, gestos, palavras, já interiorizamos um conceito individual daquilo que vimos. É como se manipulássemos e codificássemos tudo ao nosso jeito. E Rudolf Arnheim, na sua obra “Arte e Percepção” reafirma essa idéia, quando diz: “toda observação é também invenção”. A visão é uma máquina não tangível, que apreende o mundo como lhe é apresentado.

O ser humano tem por essência querer ter domínio das coisas, conhecer os significados e significantes, se comunicar, e ser comunicado, o que muitas vezes não se restringe a forma verbal, principalmente quando se fala de arte, e põe dentro de campo o íntimo, o sensível. A percepção vai muito mais além do que palavras ditas e exemplos fornecidos. As ‘mensagens’ enviadas são organizadas de forma que faça sentido para o indivíduo, e não somente através de associações e conhecimentos já armazenados.

Arnheim em sua obra, toma como base relevante, o estudo dos princípios do pensamento psicológico, como meio de representação e recriação da realidade, o que está diretamente ligado à arte. Idéia essa que pode ser fundamentada pela Teoria da Gestalt, que tem como ponto de partida a percepção, fenômeno constituído pela proximidade, continuidade, semelhança, segregação, preenchimento, unidade, simplicidade e figura/fundo, do objeto analisado. Toda obra de arte para ser entendida precisa de um contexto, “nunca uma obra de arte pode ser feita ou entendida por uma mente incapaz de conceber a estrutura integrada de um todo” afirma Arnheim.

Então se entende o processo de criação da arte, como um instrumento de lapidação da personalidade humana, valorização do sensível, e da apreensão de informação e particularidade de cada ser.

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